quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Luther King tinha um sonho. Obama tem um drone



Luther King tinha um sonho. Obama tem um drone


Muita gente em todas as partes do mundo se iludia com a eleição de Obama em 2008. Também pudera: depois dos anos tenebrosos com Bush, qualquer coisa seria um alívio. Obama então apresentou um cardápio sedutor de promessas que, sabia-se, eram inaplicáveis para o establishment norte-americano. E ele logo se revelou uma farsa. Por Jeferson Miola



A cada dia se conhece com melhores detalhes a espionagem que os EUA promovem no Brasil e em outros países. Uma ação que agride as soberanias das nações e que tem antes estratégicos interesses comerciais e econômicos que qualquer preocupação com a segurança contra o terrorismo.

E a cada dia fica mais notável o quão abjeto é o papel desempenhado por Obama, somente equiparável àquele desempenhado pelos poderosos mais abomináveis da história humana.

Obama é prova do desvirtuamento do Prêmio Nobel da Paz. Ele é o Senhor das Guerras. O senhor de todas as guerras; o promotor das guerras que destroem nações, culturas, vidas e futuro. Guerras feitas em nome do domínio e da expansão do poder imperial dos EUA no mundo, mas cinicamente batizadas de “humanitárias”. A espionagem é a dimensão cibernética da guerra total que Obama promove.

A entrega do Nobel da Paz a ele é desmoralizante, feita para legitimar sua condição de gendarme do mundo. A concessão desse título não deixa de ser uma espécie de condecoração do crime. Com estilo e glamour.




Como observa o filósofo norte-americano Cornel West, “os legados de Luther King e Obama são o oposto. Um é sigilo, falsidade e drones. O outro, sonhos, verdade e justiça. Luther King disse ‘I have a dream’ [Eu tenho um sonho], enquanto Obama diz ‘I have a drone’ [Eu tenho um drone]” [Entrevista FSP, 24/08/2013].

Obama comete crimes de guerra com a prática terrorista de disparar drones [aviões não tripulados, carregados de armamento e guiados por controle remoto] contra adultos e crianças inocentes por ele consideradas “terroristas”.




Do alto da arrogância imperial, diz que preside a “democracia mais antiga do mundo ocidental” [sic] e, por isso, se arvora o direito de guardião da democracia mundial que pode atacar covardemente qualquer país, mesmo com a reprovação da ONU e da população mundial. A Síria é a aventura da hora.

Muita gente em todas as partes do mundo se iludia com a eleição de Obama em 2008. Também pudera: depois dos anos tenebrosos com Bush, qualquer coisa seria um alívio. Obama então apresentou um cardápio sedutor de promessas que, sabia-se, eram inaplicáveis para o establishment norte-americano.

Ele logo se revelou uma farsa. Uma farsa que, considerada a dimensão imperial do poder que exerce, transforma o mundo e a vida humana numa tragédia. Como no teatro do absurdo, Hollywood [a indústria estadunidense da hegemonia ideológica] deu o Oscar para o filme “Argo”, que é uma apologia do heroísmo belicista norte-americano [o bem] contra o “islã” [o mal]. Glamour e simbologia abundaram: a primeira-dama Michele Obama anunciou a premiação diretamente da Casa Branca.



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Obama tem o comportamento de um criminoso de guerra tão cruel, tirânico e terrorista quanto os ditadores e terroristas que diz combater. Qual a diferença entre as mortes de pessoas inocentes provocadas por ele daquelas provocadas pela Al Qaeda?

Os EUA, como a “democracia mais antiga do mundo ocidental” têm um sistema judicial próprio – Guantánamo – para empregar contra os inimigos. Eles, entretanto, não se submetem às leis, tratados e normas internacionais, e rechaçam o Tribunal Penal Internacional, para não terem suas barbaridades julgadas e condenadas.

Se os EUA aplicassem para si os mesmos princípios que adotam para os inimigos que cometem os mesmos crimes terroristas, seu Presidente e muitas autoridades do governo estariam purgando no inferno de Guantánamo.

Obama é um tipo de personagem que consegue a proeza de justificar o totalitarismo e o terrorismo de Estado em nome da democracia. Ele hoje não faz nenhuma questão de ostentar a falsa aparência política liberal da primeira campanha eleitoral. Assumiu de corpo, alma, consciência e voz, a face mais dura e dramática que o império e seu déspota na titularidade do cargo podem assumir.

*Jeferson Miola é analista político.




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