sexta-feira, 17 de abril de 2009

DEPOIMENTO DO PODEROSO CHEFÃO


Caro e nobre depoente
Sente aqui no meu lugar
Já recebi as perguntas
Que devo lhe formular
Primeiro quero saber
Se aceitas pra beber
Uísque com caviar

Pra beber eu só aceito
O sangue de delegado
Daquele que foi adido
Ou do que foi afastado
Mas se tiver de juiz
Me sinto até mais feliz
Além de tudo vingado

Então eu passo a palavra
Para o nobre relator
Seu ilustre conterrâneo
Mas antes peço um favor
Fale tudo que quiser
Omita o quanto puder
Quem de nós financiou

Ilustríssimo depoente
Prove a este relator
Que você é inocente
E que nunca subornou
Demonstre para a Nação
Que tudo é perseguição
Do juiz que o condenou

Eu juro pela saúde
Da mãe dos dois delegados
Que sou inocente e bobo
Sou mais um injustiçado
Nunca mais roubei ninguém
Tampouco fraudei também
Mesmo assim fui condenado

Conforme foi combinado
Nós vamos lhe indiciar
Junto com os delegados
Pra não dar o que falar
Com você é faz de conta
Porque lá na outra ponta
Tem alguém pra lhe livrar.

Por Edmar Melo

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