domingo, 19 de outubro de 2008



O que há duas semanas vinha sendo apresentado como o negócio do ano - a união da Votorantim Celulose e Papel (VCP) com a Aracruz - virou um problema de difícil solução. O problema é: quem vai pagar a conta pelo prejuízo bilionário da Aracruz (estimado em R$ 1,95 bilhão) em apostas com derivativos de câmbio. A matéria é da Agência Estado:

“Hoje, o controle da Aracruz é dividido entre o Grupo Votorantim, a família Safra e a família Lorentzen. Acordos firmados nos últimos meses previam que a Votorantim compraria a parte dos Lorentzen por R$ 2,7 bilhões. Além disso, haveria uma troca de ações da família Safra na Aracruz com ações do Grupo Votorantim na VCP. O resultado seria a fusão da VCP com a Aracruz, criando a maior fabricante de celulose do mundo. A nova Aracruz - como a empresa resultante da fusão está sendo chamada - seria controlada pela Votorantim e pelo Safra, cada um com 50% das ações com direito a voto. O negócio começaria a ser fechado ontem (dia 6 de outubro), com o pagamento da Votorantim para os Lorentzen, mas agora está no ar. O pagamento foi suspenso depois que veio a público o prejuízo da Aracruz com derivativos”.

“Ainda não se sabe se será possível manter o acordo original. As perdas da Aracruz foram estimadas R$ 1,95 bilhão, por enquanto. Como as apostas em derivativos de câmbio fazem parte de contratos em andamento, elas têm o potencial de causar perdas ainda maiores - caso o dólar continue em alta. Essas perdas não só provocam um rombo no caixa, como levaram a uma queda de 38% no valor da Aracruz na Bolsa em uma semana. Com isso, o preço acertado pela Votorantim para comprar as ações dos Lorentzen ficou alto demais. Se mantiver o pagamento acertado antes da crise, a Votorantim não só vai ter prejuízo como pode ter problemas de mercado. A operação está sendo feita por meio da VCP, que é uma companhia com ações negociadas na Bolsa de Valores e tem acionistas minoritários. Esses acionistas podem questionar na Justiça o alto preço pago por uma Aracruz combalida”.

por Marco Aurélio Weissheimer

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